domingo, 18 de abril de 2010

4 >> Punk Marketing // A revolta do consumidor

Exemplo de Punk Marketing - decoração da entrada de uma feira de emprego que evoca a dificuldade de encontrar bons empregos nos tempos que correm, funciona como uma sátira social

O que é o Punk?
É uma cultura urbana em que a produção cultural possui as seguintes características: o princípio de autonomia "do it yourself", uma aparência agressiva, simplicidade, sarcasmo niilista e a subversão da cultura. O punk deu e continua a dar origem a estilos musicais, moda (moicanas coloridas, roupas usadas), design, artes plásticas, cinema, a poesia, e até determinados tipos de comportamentos, opções políticas (ex.: Anarquia), expressões linguísticas, símbolos e outros códigos de comunicação. Nasceu em 1974 nos EUA com a banda de punk rock The Ramones e rapidamente passou para outros países, como a Inglaterra, dando origem a bandas como os Sex Pistols. O punk surgiu como um contracultura que veio romper com não-violência e optimismo excessivo proclamado pelos hippies, mas também contrariar as tendências consumistas que já começavam a eclodir na época.
O Punk Marketing é também uma subversão da cultura marketeer dos últimos anos que pretende revolucionar o modo como se conquista os consumidores atingindo-os de um modo simples e directo, indo contra todas as convenções e tradições a nível de comunicação.
No recente livro "Punk Marketing", os autores Richard Laermer e Mark Simmons defendem que o Marketing, tal como tem sido até agora, deixou de existir. Eles acreditam que esta revolução no Marketing começou pela simples utilização do comando de televisão que permitiu o "zapping", seguido do desenvolvimento exponencial da Internet que permitiu o acesso livre a todo o tipo de informação e partilha de opiniões, o que dá o poder ao consumidor de pesquisar informação sobre os produtos/marcas e compará-los a vários níveis com maior facilidade. Uma das mais recentes inovações em termos de televisão é a possibilidade de gravar os programas que se quer ver sem se ter de assistir aos anúncios dos intervalos. Isto representou para o Marketing e para a Publicidade a urgência de alterar os modos de comunicação e persuassão do consumidor, porque este passou a puder controlar a informação que recebe e a emitir opiniões sobre os produtos que facilmente partilha com centenas ou milhares de pessoas.


Ou seja, os autores do livro e pioneiros na aplicação do conceito de Punk Marketing defendem que está a decorrer uma revolução na sociedade de consumo em que poder passou das mãos do Marketing e da Publicidade para as mãos dos consumidores. Os autores assumem um paralelismo entre o movimento “punk” simbolizado pela irreverência de grupos musicais como os Sex Pistols ou os The Clash foi disrupção na indústria musical dos finais da década de 70, e a necessidade actual de haver uma revolução na indústria do Marketing e da Publicidade, em que haja uma disrupção no modo de tradicional e convencional de comunicar com os consumidores.

“Punk Marketing” é, para os autores do livro, um grito de revolta que remete para a necessidade de divergir do que se faz acutalmente na Publicidade e no Marketing. Neste livro os autores apresentam 15 directrizes para revolucionar a forma de comunicar com o consumidor:
  1. “Se não arriscar morre.” - É preciso ser diferente e arriscar no modo como se comunica
  2. “Desafie as regras da indústria.”
  3. “Não tente agradar a todos”.
  4. “Não ceda aos clientes.”
  5. “Não seja controlador.” - O tempo do capitalismo já lá vai, em que era a produção que fazia a oferta. Agora estamos perante uma sociedade de consumo em que o consumidor tem consciência que pode controlar a produção. Por isso é preciso deixá-lo falar e ouvi-lo com atenção.
  6. “Nunca perca a honestidade.” - Nada como ser honesto para que confiem em nós. O mesmo acontece com as marcas. Errar é humano, por isso um erro assumido pela própria marca pode gerar clientes fiéis.
  7. “Faça inimigos” - O exemplo que se segue, retirado do próprio livro, permite perceber melhor esta directriz."Quando Sir Richard Branson lançou a Virgin Cola nos Estados Unidos comprou um anúncio de página inteira no New York Times para desafiar o CEO da Coca-Cola para um braço de ferro (o vencido abandonava o mercado norte-americano). Depois, ao estilo de Mussolini, desceu a 5ª Avenida de Nova Iorque num tanque, à procura dele – com as câmaras sempre atrás.” Esta abordagem irreverente, manifestamente contra a marca da concorrência, conseguiu atrair as atenções. Simultaneamente, criou inimigos que acharam a ideia de mau gosto, mas também admiradores da coragem que passaram a gostar mais da marca.
  8. “Deixe que os consumidores descubram a qualidade da sua marca”
  9. “Pense à frente dos rivais”
  10. “Não se deixe iludir pela tecnologia”
  11. “Mantenha-se fiel às suas vantagens competitivas”
  12. “Comunique com simplicidade”
  13. “Aposte na qualidade, em detrimento da quantidade”
  14. “Use novas ferramentas de marketing.” - Por exemplo blogues e redes sociais
  15. “Interrogue-se constantemente."

Por um lado, o Punk Marketing vem romper com os costumes do Marketing e Publicidade. O consumidor já está tão habituado e saturado do modo como as marcas tem vindo a comunicar com ele que muitas vezes já nem se apercebe das mensagens publicitárias. Com o Punk Marketing temos a certeza que o consumidor vê a mensagem, mas o modo como ele a assimila pode variar. Os consevadores vêm a mensagem, não esquecem, mas passam a odiar a marca, a vê-la como uma inimiga que vai contra os seus valores, por isso falarão mal dela. E nem sempre o ditado "Falem mal, mas falem" é benéfico. Por outro lado, existiram sempre pessoas, por mais poucas que sejam, que se vão apaixonar pela marca e ver nela reflectida os seus mais profundos desejos de mudar o mundo.

Punk Marketing, ou se ama ou se odeia.


BIBLIOGRAFIA:

Fidalgo, Jaime, “Punk Marketing”, http://imagensdemarca.sapo.pt/opinioes/detalhes.php?id=699 , 30-04-2008

http://cgmkt.wordpress.com/punkmarketing/

http://pt.wikipedia.org/wiki/Punk

2 comentários:

  1. Comento aqui a visita: Já passei a dar a nota ao Mood Board e gostei por ser muito mais original (pessoal) que a maioria que copiou e interpretou a partir do trabalho de outros
    No que respeita ao trabalho sobre técnicas e terminologias está a ir muito bem. De uma forma geral, gosto da abordagem inovadora e criativa com que aprofunda e detalha os temas. :-)

    ResponderEliminar
  2. Obrigada pelo seu feedback. Ainda bem que está a gostar do meu trabalho porque também estou a gostar muito de fazê-lo =D

    ResponderEliminar