sábado, 24 de abril de 2010

6 >> Retro-Marketing // Conta-me como foi antes que eu digo-te como fazê-lo agora


Exemplo - Anúncio de Imprensa da Pepsi que divulga uma edição limitada da bebida que reproduz a embalagem como ela era antigamente




Ser Retro é ser Revivalista.

Se passearmos pelo Chiado Sábado à tarde, virmos as montras das lojas da Rua Augusta e até mesmo passarmos uma noite do Lux, podemos observar como a moda, a forma como as pessoas se vestem está a trazer de volta elementos que foram ícones do passado: os óculos Rayban, os cintos que as raparigas usam na cintura para a afinar, os lábios vermelhos, o padrão tigreza, os All-Star, o regresso do vintage outrora só visto no estilo rocka billy, etc.

Revivalismo é o nome dado a movimentos sócio-culturais universais e ciclícos que procuram trazer de volta princípios e tradições de outras épocas. Estes movimentos já aconteceram várias vezes no passado e acontecem sempre que a época em que vivemos parece enfrentar um período de aparente decadência ou quando é necessário preencher um vazio deixado pela evolução demasiado rápida da sociedade. É o trazer de volta episódios do passado que na actualidade se consideram esplendorosos e grandiosos.

Segundo Michael Horowitz Revivalismo é:

"... uma ressurgência de valores espirituais e/ou culturais dentro de uma cultura que percebe a si mesma como decadente (...) em resposta à crescente neutralização daqueles valores por uma cultura percebida como dominante ou em vias de se tornar dominante."

O Revivalismo tem se reflectido na política, na religião, na arquitetura, na literatura, na moda, da música e agora até no Marketing, com o surgimento do conceito de Retro Marketing.

Se o Marketing deve girar em torno da satisfação do consumidor, do valor do consumidor e na concorrência,Brown (2001) afirma que o Retro-Marketing tem o seu alicerce no princípio de que os consumidores querem ser provocados e torturados pela comunicação assim como era feito nos primórdios da comunicação publicitária.

Brown defende, exageradamente do meu ponto de vista, que os consumidores na realidade não sabem o que querem nem o que não querem. Apenas não pretendem ter uma marca que lhes faz as vontades todas, querendo em vez disso ser provocado, torturado e atormentado por não poderem satisfazer eternamente os desejos e as necessiades que as marcas lhes suscitam através da publicidade.

Tendo em conta estas considerações sobre o consumidor podemos inferir que o que podemos ter quase a certeza que o consumidor quer é algo é apresentar-lhe que ele já teve antes, que lhe desperte a necessidade de viajar até ao tempo em esse algo o satisfez. Ou no caso dos jovens, para além da necessidade paradoxal de afirmação de pertença e de diferenciação, o desejo de reproduzir e reviver nos dias de hoje uma época que actualmente se considera interessante.

Retro-Marketing é assim definido por Brown como o reviver ou relançar um produto ou serviço que já teve a sua história.

Têm sido inúmeros as marcas antigas que, por vezes já mortas os apenas desaparecidas no tempo, têm ressuscitado e imitado o sucesso de outrora aplicado e adaptado à realidade actual. O Volkswagen trouxe de volta o Beetle, modernizado e dirigido aos "baby-boomers" que tiveram o carro nos primórdios ou para jovens que procurem fazer a diferença. Depois do sucesso desta ideia implementada pela Volkswagen, muitas marcas de carros seguiram-lhe os passos e relançaram modelos novos de carros antigos. Exemplos não faltam: Mini, Fiat 500, etc. A Royal recentemente voltou a comunicar em TV o seu fermento, cuja a embalagem se mantém igual desde à muitos anos atrás. A marca Tide associou-se à série revivalista bastante apreciada pelo público "Conta-me como foi" para criar vários spots publicitários em que o sujeito principal é a Rita Blanco encarnando a personagem da série. Até um anúncio de rádio, do qual não me recordo a marca, imita as vozes de rádio e a sonoridade rudimentar de outras épocas.

Brown afrima também o consumidor necessita de produtos que lhe proporcionem diversão. E o Retro-Marketing dá vida a imagens, produtos, marcas de outros tempos que aplicadas aos dias de hoje são para o consumidor fonte de entretenimento, aparentam ser exclusivos, provocam sentimentos, emoções, e trazem para a transacção entre a marca e o consumidor a diversão que ele procura no consumo.

O Retro-Marketing é uma forma de comunicar potente e normalmente bem sucedida, mas só é aplicável a marcas que tenham posicionamentos e identidades que o permitam e em ocasiões específicas. Por exemplo, não podemos associar algo tão moderno e tecnológico como um iPod ou um iPad a algo antigo e revivalista.
McCole reforça que o Retro-marketing só deve ser usado por marcas globais, com uma elevada notoriedade e com ganhos sufcientemente razoáveis para que possam pagar e correr o risco de lançar ou relançar marcas, produtos ou serviços que já tiveram uma história.

Este conceito apesar de ser e por ser revivalista desafia a visão tradicional de marketing e representa o ressurgimento de uma velha abordagem como algo novo, que vem mostrar que o sucesso reside apenas no que é novo, mas também no que é velho desde que seja novidade.

Exemplos:
Tide - 2.º anúncio com Rita Blanco caracterizada tal qual a personagem que desempenha na série portuguesa "Conta-me como foi"
http://www.youtube.com/watch?v=qPzatkvdBpA

BIBLIOGRAFIA:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Revivalismo
http://www.leiriaeconomica.com/item680.html

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